O Setembro Amarelo é uma iniciativa de visibilidade e prevenção ao suicídio lançada em 2014 pelo Centro de Valorização à Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), por causa do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, que ocorre em 10 de setembro. Tendo em mente essa data, o Canaltech conversou com especicalistas da psiquiatria, para entender quando e qual a melhor forma de ajudar as pessoas.
Segundo Dr. Eduardo Perin, psiquiatra especialista em terapia cognitivo-comportamental pelo Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), muitos transtornos psiquiátricos podem levar ao suicídio, mas também pode ocorrer de uma forma impulsiva. No que diz respeito a fatores de risco, o médico aponta que adolescentes, idosos, minorias e pessoas com histórico de outros acontecimentos do tipo na família estão mais propensos.
Dr. Luiz Scocca, psiquiatra do Hospital das Clínicas da USP e membro da Associação Americana de Psiquiatria (APA) relembra que o Setembro Amarelo começou nos EUA, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994. Mike era conhecido por seu carro amarelo, e levava uma vida feliz, aparentemente. Seus pais e amigos não perceberam que o jovem tinha sérios problemas psicológicos e não conseguiram evitar sua morte. No dia do velório, foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas. Dentro deles tinha a mensagem “Se você precisar, peça ajuda.”. A iniciativa foi o estopim para o movimento de prevenção ao suicídio.
Dito isso, separamos cinco dicas desses especialistas para reconhecer os sinais, ajudar quem precisa e prevenir o suicídio:
1. Fique atento aos sinais
Estar atento a determinadas características é de extrema importância. Dr. Scocca revela que a pessoa que pensa em suicídio pode ter problemas para dormir, começa a ter falta de esperança, uma grande tristeza, grandes variações de humor. Cancelar compromissos e se isolar, evitar amigos, também é um possível sintoma. É preciso reconhecer os sinais da depressão, uma vez que as doenças mentais são as causas do suicídio, na maioria das vezes.
2. Não menospreze a situação
Dr. Perin alerta que não se deve tratar uma pessoa que está pensando em cometer suicídio como dramática ou tratar como se estivesse fazendo aquilo para receber atenção. “Se a pessoa está dizendo para você que está pensando em se matar, esse é um fator de risco importantíssimo. As pessoas pensam que quem se mata não fala sobre isso, e é o contrário. Se a pessoa disse isso para você, ela tem um risco aumentado. Escutar de forma empática, sem falar ‘Isso é bobagem’ etc”, aponta o especialista.
3. Perceba se a pessoa já tomou a decisão
No entanto, é preciso estar atento, principalmente, se a pessoa teve todos esses sintomas e tem uma calma repentina. “Isso pode significar que a pessoa tomou a decisão final, então passa por um período de calmaria”, alerta o profissional. Segundo o psiquiatra, a pessoa que já decidiu que cometerá suicídio passa a fazer algumas preparações, como visitar parentes e amigos, doar os próprios pertences, e também começam a escrever.
4. Lembre a pessoa de que a depressão é temporária e tratável
Quando a pessoa está em depressão, segundo os psiquiatras, a sensação é de que a doença é definitiva, e que não vai passar. No entanto, a depressão é tratável. “Valorize o tratamento, mostrando que aquilo é uma coisa normal. Mais importante do que tentar dissuadir a pessoa do suicídio é deixar que ela fale a respeito da depressão que está sentindo”, diz Dr. Scocca. “São coisas como essa que permitem ajudar uma pessoa em risco de suicídio. A pessoa que cometeu suicídio é uma vítima, não uma causadora”, relembra.
5. Não entre em negação
Dizer frases como “isso é bobagem”, “você já tem tudo”, “você tem uma família que te ama” com o propósito de negar o sentimento da pessoa pode piorar a situação. “É extremamente perigoso, porque a pessoa não consegue ver assim. Você vai virar as costas achando que mudou alguma coisa, mas não mudou nada. Você precisa dar ouvidos, ouvir até o final o que ela tem para dizer, conversar de que se trata de um sintoma de uma doença mais grave e você está totalmente disposto(a) a acompanhá-la a um profissional de saúde. E às vezes até levá-la. Muitas vezes, para protegê-la, levá-la à força”, aponta Dr. Scocca.
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